ABB VÊ HORIZONTE PROMISSOR NO SETOR DE ÓLEO E GÁS DO BRASIL COM NEGÓCIOS EM SUBSEA E DIGITALIZAÇÃO
O setor de óleo e gás do Brasil está cada vez mais atraindo a atenção da multinacional suíça ABB. Os olhos da empresa estão voltados para as novas oportunidades que estão surgindo no país, especialmente nos segmentos de subsea e digitalização. É o que afirma o diretor da divisão de Energia da companhia para o Brasil, Renato Martins. Em entrevista para o Petronotícias, o executivo diz que a companhia enxerga um grande potencial para que o país seja um cenário propício para a aplicação de novas tecnologias na indústria de óleo e gás. Atualmente, a ABB está fabricando o sistema elétrico do FPSO P-82, que será instalado pela Petrobrás no campo de Búzios. Em paralelo, a empresa tem perspectiva de participar do projeto do HISEP – tecnologia de processamento da Petrobrás para a separação de óleo e gás com elevado teor de CO2 em ambiente submarino – no campo de Mero. “No caso do HISEP, a ABB pode participar do projeto provendo todo o seu portfólio da parte de automação, inversores e transformadores”, detalhou. Martins acrescentou que a ABB também pode prover soluções focadas em digitalização, de modo a garantir eficiência e segurança para a operação. “Já temos alguns cases de projetos relacionados a digitalização no downstream do Brasil. Paralelamente, já estamos com algumas conversas bem avançadas no mercado de upstream para implementação de soluções de digitalização no offshore”, concluiu.
Para começar a nossa entrevista, poderia apresentar uma visão geral da ABB e da divisão de Energy?
A ABB é uma multinacional com sede na Suíça, que conta com mais de 105 mil funcionários globalmente. A companhia dispõe de um portfólio bem extenso em eletrificação, automação, robótica, drives, motores e digitalização. No Brasil, a empresa possui um escritório em São Paulo e uma fábrica em Sorocaba (SP). Além disso, contamos com cerca de 1.800 funcionários no país. A divisão de Energy engloba os segmentos de química, petroquímica, óleo & gás e geração.
Qual tem sido o foco de atuação da empresa no setor de óleo e gás no Brasil?
Como já é do conhecimento do mercado, os grandes investimentos no Brasil estão voltados ao mercado de upstream. O país é o grande foco global em termos de investimento nesse segmento. Olhando apenas para a Petrobrás, teremos um horizonte de 18 FPSOs colocados em operação ou em licitação até 2027. É um grande número que representa, basicamente, 50% de toda a demanda global. E importante notar que não estamos falando apenas de grandes investimentos. Esses projetos representam também grandes plataformas. Algumas delas terão produção acima dos 200 mil barris por dia. São verdadeiras gigantes do mar.
Paralelamente, não podemos nos esquecer dos segmentos midstream e downstream. O midstream no Brasil tem obviamente a questão do desafio geográfico, pelo fato de ser um país gigante. Você vê claramente que o midstream investe muito na questão de gerenciamento dos ativos, para tentar cobrir toda essa questão territorial. No downstream há também grandes desafios, com investimentos fortes na redução dos impactos ambientais e no aumento da produção de derivados – principalmente o diesel – para atender ao mercado nacional.
Qual a relevância do mercado brasileiro para a companhia? Como enxergam a importância do país em termos de novos negócios?
Com muito bons olhos. A equipe global da ABB enxerga um grande potencial no Brasil e vê o país como um cenário propício para a aplicação de novas tecnologias. Basta olhar para essa grande frota de FPSOs que entrará em operação no Brasil. Essas plataformas exigem desafios técnicos, pois precisam ser cada vez mais eficientes e com o menor impacto ambiental possível. Então, com certeza a ABB enxerga a divisão de Energy no Brasil com bons olhos, tendo em vista a perspectiva positiva para o futuro e os desafios atrelados.
De que forma as soluções da ABB podem ajudar a superar o desafio da implantação dessa frota de FPSOs?
O portfólio da ABB é muito extenso. Por ser uma empresa global, temos muitas referências globalmente – tanto no Brasil como no exterior. Temos ainda alguns centros de excelência espalhados pelo mundo, como em Cingapura e na Noruega. Com esses centros, é possível fazer a transferência de tecnologia para o Brasil e trocar experiências.
Falando sobre upstream, o portfólio é muito extenso. Podemos prover eletrificação, automação, motores, além de soluções completas – como o módulo elétrico de uma plataforma, por exemplo. Importante ainda mencionar a questão do Power from shore. Tradicionalmente, as plataformas offshore geram a sua própria eletricidade através da queima de combustíveis fósseis. Porém, a alternativa Power from shore permite abastecer as instalações offshore com eletricidade proveniente do continente. A ABB possui essa expertise do Power from shore e tem vários cases do tipo no mundo, principalmente na Europa.
Um dos grandes projetos atualmente do subsea brasileiro é o HISEP, no campo de Mero. De que forma a ABB poderia participar desse desenvolvimento?
O campo de Mero tem um tremendo potencial de exploração, mas também tem os seus desafios. Além de estar em águas profundas, o campo tem uma grande emissão de CO2. O HISEP permite que o gás com elevado teor de CO2 que sai do reservatório seja separado e reinjetado a partir de um sistema localizado no leito marítimo. O HISEP é um projeto muito importante para a Petrobrás, por tratar-se de um pilar de investimento e inovação.
As empresas que detêm a tecnologia do processo já submeteram as suas propostas para a Petrobrás. São, basicamente, três players que estão participando da concorrência, com soluções distintas. [Nota da Redação: segundo informações de mercado, as três empresas que estão participando da concorrência são Aker Solutions, TechnipFMC e Onesubsea.]
A Petrobrás está tendo muito cuidado e bastante critério para avaliar as propostas feitas na licitação. A tendência é que tenhamos em breve um desfecho desse grande projeto, que vai trazer o mercado brasileiro para outro patamar. No caso do HISEP, a ABB pode participar do projeto provendo todo o seu portfólio da parte de automação, inversores e transformadores.
A ABB foi escolhida em abril para fornecer o sistema elétrico do FPSO P-82, que será instalado em Búzios. Poderia nos trazer algumas atualizações sobre esse contrato?
No projeto da P-82, a ABB está fornecendo a solução completa do eHouse, isto é, os sistemas elétricos do topside e hullside para a plataforma. O eHouse está sendo fabricado na Ásia, liderado pelo nosso centro de excelência em Cingapura. Apesar de ser montado na Ásia, o grupo da ABB é altamente integrado. Então, temos brasileiros no projeto para que tenhamos a transferência da tecnologia e do projeto em si. A equipe da ABB Brasil é totalmente integrada com a equipe da ABB Cingapura para que essa transição aconteça da melhor forma possível.
Por fim, gostaria que compartilhasse conosco quais são as perspectivas da empresa com o setor de óleo e gás do Brasil.
Como mencionei antes, o Brasil possui um grande potencial no mercado mundial offshore. Então, posso dizer com certeza que o Brasil hoje é o foco do subsea e do upstream globalmente. Todos os nossos centros de excelência estão integrados, conversando mensalmente sobre como podemos auxiliar e suportar o mercado brasileiro em termos de tecnologia e conhecimento.
Importante também mencionar a questão da digitalização do ambiente offshore. A ABB também pode prover soluções focadas em digitalização, de modo a garantir eficiência e segurança para a operação. Já temos alguns cases de projetos relacionados a digitalização no downstream do Brasil. Paralelamente, já estamos com algumas conversas bem avançadas no mercado de upstream para implementação de soluções de digitalização no offshore. Essa é uma tendência bem forte para o curto prazo e devemos ter, em breve, vários cases e projetos em desenvolvimento no país.
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